sábado, 4 de dezembro de 2010

Classificação Didático-histórica da Obra Kardequiana

UMA PROPOSTA DE CLASSIFICAÇÃO DIDÁTICO-HISTÓRICA

DA CONTRUÇÃO DA OBRA KARDEQUIANA


Leopoldo Daré – 04 de novembro de 2010


Apresento uma proposta inicial de divisão e análise do trabalho de Kardec durante a construção e fundação do Espiritismo. Busquei basear-me, quase exclusivamente, nos próprios textos de Kardec. O texto abaixo é um "rascunho" inicial do trabalho, que precisará ser desenvolvido em mais detalhes, apresentando os dados que fundamentam a proposta. Publico o desenho inicial para pedir a colaboração dos interessados, com críticas e sugestões. Toda divisão didática é imperfeita, pois os fenômenos sociais são contínuos, e definir marcos divisores é uma artificialidade histórica que normalmente nos engana e reduz a complexidade dos movimentos de ideias. Entretanto, o esforço por criar esta divisão histórica tem o objetivo de evidenciar o processo evolutivo da construção do Espiritismo e dimensionar a importante influência da interação social na construção da obra kardequiana, identificando "as vozes reencarnadas" dos críticos e dos colaboradores que se manifestam nos textos.


1) Primeira Fase: Iniciação (1854-1857):

1a) Primeiros contatos – fase da aproximação (1853-1855): Caracterizada pela superação dos preconceitos (utilizar afirmativas de Rivail em seus textos pedagógicos). Inicia com as primeiras notícia sobre as mesas girantes, e termina com sua primeira participação em reunião mediúnica (efetivamente primeira reunião mediúnica, ou a primeira reunião que o convenceu?). Fonte principal: Obras Póstumas.


1b) O Aprendiz (1855-1857): Inicia com as primeiras reuniões mediúnicas sistemáticas até a publicação da primeira edição d'O Livro dos Espíritos. A adoção do pseudônimo Allan Kardec é o marco do "ritual de conversão". Nesta fase, a tarefa entregue a Kardec, pelos seus parceiros, é de identificar, organizar e divulgar os conhecimentos produzidos nas reuniões. A primeira edição d'O Livro dos Espíritos é a prova de demonstação da qualidade.


2) Segunda Fase: Construção Doutrinária – fase criativa (1857-1860/61):

Fase extremamente criativa, organiza-se o grupo de estudos da Sociedade Parisiense, formado pelos colaboradores que ficaram satisfeitos com o produto inicial materializado na primeira edição d'O Livro dos Espíritos. Kardec se fortalece no papel de intermediário criativo entre a produção mediúnica do grupo de estudos e a elaboração do corpo doutrinário. É a fase mais influente das "vozes reencarnadas" na obra kardequiana. Os textos são a manifestação de um trabalho coletivo que gravita em torno de Kardec e personifica-se através das lentes kardequianas.

Os conhecimentos elaborados na primeira fase são revisitados e tornam-se mais modernos, ajustando-se as contradições da primeira obra, e aproximando-se dos ideários socialistas de sua época (dados da comporação das duas primeiras edições do Livro dos Espíritos). Firma-se o vocabulário espírita em parceria com o grupo da Sociedade. São identificados os Espíritos basilares das obras espíritas (comparar as mudanças na lista dos Espírito no prolegomenos da primeira e segunda edição d'O Livro dos Espíritos, e as atas da Sociedade Parisiense publicadas na Revista Espírita).

Kardec reconhece, além de sua função de pesquisador, seu papel de teórico e educador. O pesquisador começa a perder espaço para o educador. Esta fase termina com a publicação da segunda edição d'O Livro dos Espiritos (na verdade, no âmbito de produção de conhecimento, extende-se até a publicação d'O Livro dos Médiuns, porém no âmbito de relações sociais, em 1860 inicia-se uma nova próxima fase: Dias de Luta)


3) Terceira Fase: Reconstrução Doutrinária - Dias de Luta (1860-1864) (utilizar as citações de Kardec na Revista Espirita)

Após sucesso da segunda edição d'O Livro dos Espíritos, livro que verdadeiramente fez sucesso de massa, Kardec se projeta como o maior nome francês do Espiritualismo Moderno, o qual passa a ser chamado de Espiritismo. Podemos dividir este períoco em dois movimentos de confronto:


3.a) Choques nas Relações Sociais Espíritas: Internamente, temos os conflitos dentro da Sociedade Parisiense (citação de artigos da Revista Espírita e de discursos em "Viagens Espíritas de 1862"). Este processo finaliza-se com o expurgo dos insatisfeitos, entre eles, médiuns fundamentais na Fase Criativa. Desta forma, parte importante dos fundadores do Espiritismo se distanciam da Sociedade Parisiense, como os méduns J.Roze, intermediário principal do Espírito de Verdade, e Honorine Huet, intermediário principal do Espirito São Luiz (apresentar a crítica de Kardec ao livro publicado por Roze no Catálogo Racional para Biblioteca Espírita, sobre Huet utilizar informações de livro não kardequiano). Como pano de fundo deste processo temos a discussão sobre a autoria dos livros de Kardec e a crítica a omissão dos nomes dos médiuns e dos Espíritos. A partir desta fase, os livros publicados abrem espaço para a divulgação dos autores espirituais, como no livro "Imitação do Evangelho", e na Revista Espírita aparecem os nomes dos médiuns (o conflito com a médium Japhet teria sido maior nestes anos?). Este expurgo centraliza, ainda mais, a liderança em Kardec, tornado-o não apenas a maior liderança espírita, mas o único fundador do Espiritismo. A nova geração que entra na Sociedade Parisiense, como o jovem Flammarion em 1861 com 18 anos, não conhecem a forma como "tudo começou" e serão reféns da sensação do "sempre foi assim", pensamento característico dos membros da segunda geração que incorpora-se a uma instituição criada anteriormente. Externamente à Sociedade Parisiense, antagonicamente e como possível alimentador do conflito interno, temos o fortalecimento da liderança de Kardec (Viagens espíritas de 1861 e 1862). Neste período temos o surgimento da Revista Espiritualista, do Espiritismo Racional, dos debates sobre o Espiritualimso anglo-americano, etc)


3.b) As Lutas Doutrinárias: Iniciam-se as críticas de literátos e da Igreja Católica (ver publicações da Revista Espírita). O caso mais significativo são as "Críticas de Émile Deschanel". Externamente, esta provocação cria a defesa intransigente dos princípios construídos na fase anterior. Internamente, no entanto, ocorre uma revisão doutrinária e ajustes na compreensão do espaço social do Espiritismo. O exemplo mais emblemático da reconstrução doutrinária, consequência das "Críticas de Émile Deschanel", é a modificação no conceito de Alma, Espírito e espírito (comparar as primeira e segunda edições de O Que é o Espiritismo). Esta mudança doutrinária, apesar de pequena, é característico da Fase de Lutas. Diferentemente dos trabalhos construídos na fase criativa, não baseia-se em comunicações mediúnicas, mas em soluções para proteger o Espíritismo das críticas externas. Nesta fase, as "vozes reencarnadas" fluem com maior limitação e maior controle do autor Kardec. Na Revista Espirita temos textos que comparam o Espirisimo com outras doutrinas. O artigo "União do Espiritismo e da Filosofia" na Revista Espírita de 1863, setembro e novembro, é marco da solução argumentativa tardia em resposta as "Críticas de Émile Deschanel". O fato do autor destes artigos não ser Kardec, sinaliza uma estratégia de proteção diferente. O choque com os críticos católicos encaminha e fortalece a posição dúbia kardequiana do confronto, resultando na publicação do livro "Imitação do Evangelho" (marco do fim desta fase de lutas). "Imitação do Evangelho" é um trabalho híbrido, com mensagens de médiuns do período criativo (pré 1861) e mensagens do período de lutas. Solidifica-se a finalidade educativa do Espiritismo, com a publicação do livro "Espiritismo em sua expressão mais simples". Temos a revisão sistemática das reeimpressões das Revistas Espíritas de 1858-1860, e da segunda edição d'O Que é o Espiritismo (não sei explicar o motivo, mas O Livro dos Espíritos não sofre revisões teóricas importantes, criando a contradição do conceito de Alma e Espírito com O Que é o Espiritismo)


4) Quarta Fase: Consolidação – Olhos para o Futuro (1864-1869)

Etapa de consolidação e confirmação da liderança, da centralização da produção de conhecimento, e da condução do movimento espírita em Kardec. Inicia-se com a publicação do texto "Autoridade da Doutrina Espírita" no livro "Imitação do Evangelho" e na Revista Espírita de abril (1864). Dividi-se em dois campos de intervenção:


4.a) Experiências Doutrinárias: Com a mão pesada do mestre, é publicado o livro "O Céu e o Inferno", trazendo o mais extenso trabalho de campo de Kardec, coletânea-síntese de um esforço de pesquisa mediúnica, atendendo a necessidade de comprovar a viabilidade do método da "universalidade dos ensinos dos Espiritos" defendido no Evangelho Segundo o Espiritismo. Ao mesmo tempo, com o objetivo de revisar as teorias católicas-cristãs de destino do Homem, coloca o Espiritismo em posição de ataque, e não de defesa. Esta obra guarda, portanto, relação com a Fase de Lutas. A necessidade de concluir seu projeto metodológico personalíssimo, base da argumentação a favor da cientificidade do Espiritismo e da demonstração da posição privilegiada de Kardec para protetor e desenvolver o Espiritismo. Esta obra representa a "consolidação" do modelo doutrinário e o auge do modelo metodológico.

O último livro, A Gênese, expande a atitude espírita de revisão das teorias religiosas em direção aos textos bíblicos. Consolida, definitivamente, a referência histórica do Espiritismo com a tradição judaica-cristã-católica. Ao mesmo tempo, A Gênese representa a nova fase doutrinária, uma fase com os "olhos voltados para o futuro". Totalmente diferente metodologicamente, não utiliza-se do critério de "universalidade dos ensinos dos Espíritos", e só foi possível devido a superação da Fase de Lutas. Em A Gênese, Kardec se reinventa, produzindo uma obra de hipóteses para serem testadas pelos conhecimentos científicos futuros, comprometendo-se com temas tipicamente pertencentes ao campo das ciências clássicas. Nesta obra, Kardec abre janelas para uma nova fase doutrinária para o Espiritismo, explorando as possibilidades de produzir-se hipótese temporárias através da mediunidade, sinaliza que a fase de identificação das leis naturais e dos princípios doutrinários havia se esgotado.


4.b) Organização Institucional: Apesar de ações destinadas a organizar o movimento espírita ocorrerem durante toda esta fase, seus principais trabalhos são apresentados nos últimos anos de sua vida e nos primeiros meses após sua desencarnação. Acompanhando a Revista Espírita percebe-se a tentativa de definir, de forma mais precisa e administrativa, o papel e responsabilidades da Sociedade Parisiense e dos grupos espíritas periféricos, perante um movimento espírita robusto (o projeto para o Espiritismo, Catálogo Racional para uma Biblioteca Espírita, etc).

domingo, 29 de agosto de 2010

O Espiritismo em Teses e Dissertações

Recentemente foi compilado pelo pesquisador Tiago Paz (*) um caderno de resumos de 171 teses e dissertações sobre o Espiritismo defendidas em diferentes áreas do conhecimento e em diversas instituições de ensino superior no Brasil.

O download do arquivo e mais detalhes sobre este caderno podem ser obtidos acessando o link abaixo:

Caderno de Resumos - O Espiritismo em Teses e Dissertações (1982-2009)

(*) Tiago Paz é doutorando em Psicologia Social pela UERJ e tem colaborado com nossa rede de pesquisas.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Otília Diogo: estudo de caso

Otília Diogo foi a médium principal que esteve envolvida no caso das materializações de Uberaba em 1964. Repórteres da famosa revista "O Cruzeiro" participaram de uma sessão de materialização com a médium sob coordenação do doutor Waldo Vieira. Também estiveram presentes mais 13 médicos e o médium Chico Xavier.

A partir de então os repórteres iniciaram uma série de reportagens acusando a médium de fraude. Esta série teve grande repercussão nacional e o movimento espírita ficou bastante abalado.

Poucos espíritas saíram em defesa das sessões, dos médicos, e da própria médium. Destes o mais aguerrido foi o escritor e jornalista Jorge Rizzini que chegou a participar na época de sete programas de televisão. Logo depois ele publicou o livro "Otília Diogo e a Materialização de Uberaba".

Fora este livro pouco se tem escrito ou mesmo falado a respeito. Não é um assunto muito agradável uma vez que reconhecidamente a médium foi pega em fraude em 1970 e confessou que fraudava desde 1965. Mas a dúvida sobre a legitimidade da sessão com os repórteres persiste até hoje entre os espíritas.

Com o objetivo de esclarecer esta e outras dúvidas envolvendo o caso começamos um estudo que pretende ser amplo e imparcial. Estamos ainda na fase de busca de material para servir de base para o nosso estudo. Mas, já conseguimos bastante coisa:

  • Primeira e segunda edições (1964 e 1997) do livro do Jorge Rizzini
  • Alguns textos escritos a época pelo professor Herculano Pires (baixe aqui)
  • Algumas reportagens de "O Cruzeiro" (veja relação abaixo)
  • Capítulo do livro "The Flying Cow" escrito por Guy Lyon Playfair
  • Capítulo do livro "100 anos de Chico Xavier" escrito por Carlos Baccelli
  • Reportagem de Jorge Rizzini para o especial "Chico Xavier 60 anos de mediunidade" (baixe aqui)
  • Vídeo com Waldo Vieira falando sobre o caso (assista aqui: 24/04/2010)
  • Áudio com Waldo Vieira falando sobre o caso (ouça aqui: 04/12/2008, 14/12/2008, 10/05/2009, 04/03/2010)
  • Capítulo do livro "Crônicas de Um e de Outro - De Kennedy ao Homem Artificial" escrito por Luciano dos Anjos
  • Reportagem da revista "Reformador", edição de abril de 1999 (baixe aqui ou aqui)
  • Artigos de Jarbas Barbosa para o Anuário Espírita de 1964 e 1965 (baixe aqui e aqui)
  • Capítulo do livro "Arigó: A verdade que abala o Brasil" escrito por Moacyr Jorge
  • Reportagem e notas do CFN em "Reformador", edição de março de 1964 (baixe aqui)
  • Réplica dos médicos publicada na Revista Internacional do Espiritismo, edição de fevereiro de 1964 (baixe aqui)

Estamos tentando ainda falar com pessoas envolvidas no caso ou que podem contribuir para o esclarecimento dos fatos. Estamos abertos a colaboração (ou mesmo cooperação) de todos que puderem contribuir com jornais da época, com áudio e vídeos sobre o caso, com indicação de livros ou pessoas que possam ser entrevistadas.

Especificamente, temos um interesse especial em reportagens de "O Reformador" sobre o caso e das edições de "O Cruzeiro" que ainda nos faltam (ver relação abaixo). Também é interessante jornais da época nas cidades de Uberaba, Andradas, Cosmópolis, e Campinas. Ainda mais especificamente estamos a procura de um folheto sobre o caso publicado a época pelo Grupo Espírita Emmanuel de Garça.

Agradecemos a todas as pessoas que estão colaborando e desde já a todas que pretendem colaborar.

Contato: Vital Cruvinel (vital.cruvinel@gmail.com)

Relação de reportagens de "O Cruzeiro"

terça-feira, 27 de julho de 2010

PESQUISA: Diferenciar Anímico do Mediúnico no Texto Psicografado: uma pequena experiência

Autor: Leopoldo Daré

Explicações Iniciais:
Publico este trabalho no blog da Rede de Pesquisas Espíritas com a finalidade de abri-lo para avaliação pública. A divulgação e debate públicos são fundamentais para o aprimoramento de qualquer conhecimento. Esperamos aproximar os interessados nesta área de estudo, trocando experiências, dados e tornando a metodologia mais robusta. Ou seja, convido todos a enviarem seus comentários, críticas, sugestões e novos dados, para fazermos parceiras, ampliando a rede de trabalho.

APRESENTAÇÃO

Um grande desafio na interpretação das psicografias é diferenciar o conteúdo proveniente do pensamento do próprio psicógrafo e o que provém do pensamento do Espírito comunicante. Estas duas habilidades humanas são denominadas, no ambiente espírita brasileiro, de animismo e mediunidade, respectivamente. Considerando que o animismo e a mediunidade nunca se apresentam isolados em uma psicografia, conseguir diferenciá-los torna-se tanto mais difícil quanto necessário.
Há 10 anos concordamos com a proposta pedagógica de que todo processo educacional pode ser oportunidade para realizar-se uma pesquisa científica participante, desde que o professor planeje adequadamente suas atividades, tornando o professor um professor-pesquisador.
Este trabalho busca satisfazer estes dois anseios, tendo como sala de aula as atividades de treinamento mediúnico desenvolvido em centros espíritas de Ribeirão Preto.

OBJETIVO
Identificar alguns parâmetros que discriminem o mediúnico do anímico na psicografia.

MATERIAL E CASUÍSTICA
Foram analisados 114 textos produzidos durante reuniões de treinamente mediúnico desenvolvidos em 4 grupos de 3 centros espíritas de Ribeirão Preto. Com excecção do médium 9, todos os participantes eram novatos na prática mediúnica e seguiram a orientação de segurar a caneta e escrever o que lhe vinha a mente. O curso de treinamento adaptou o programa do COEM II (segunda versão do Centro de Orientação e Educação Mediúnica do Centro Espírita Luz Eterna, da cidade de Curitiba).
Os texto psicografados eram entregues ao final da reunião ou nas semanas seguintes após digitalização pelo médium. Buscou-se identificar as características de conteúdo e de estilo literário dos textos produzidos nos diferentes dias pelo mesmo médium e entre médiuns diferentes.

RESULTADOS
1) Primeira Escrita
O mais comum na primeira tentativa de escrita foi a produção de rabiscos.
Alguns, como o médium 1, escreveram palavras soltas entre os riscos e no mesmo dia, ou nas próximas duas reuniões, desenvoveram frases, como demonstramos nas imagens abaixo:




















Outros, como o médium 2, não evoluíram da escrita acelerada de riscos. Abaixo reproduzimos dois momentos do treinamento deste médium, que durante 6 meses se dedicou com paciência e persistência:














Outros ainda, escreveram frases curtas com sua grafia habitual desde o início. (não reproduzimos imagens como exemplo deste padrão, por não apresentar visualmente nenhuma particularidade).

2) Expressões da Cultura do Médium
Lendo três ou mais textos do mesmo médium identifica-se expressões que se repetem, demonstrando pertencerem ao ambiente cultural do próprio médium. A substituição destas expressões/palavras por termos não-habituais indicariam a presença de mecanismos inusitados para o psique do médium. Abaixo, apresentamos os exemplos do médium 4:

Dia 03/07/2007
"Os tempos estão chegando, as mudanças do lado de cá são grandes e os desafios de nossos irmãos que irão reencarnar também. É necessário que todas as pessoas de Bem, se unam em Pensamentos e Sentimentos na construção de uma coletividade melhor..."
Dia 07/08/2007
"As dezenove dias do mês de julho de 47, foi-se um algoz da vida humana e ao chegar do lado de cá ...sentiu-se nu em suas idéias e pensamentos. Desnecessário comentar todo o constrangimento que esses casos representam aos seus autores. Assim o pós vida revelou como um espelho de suas mazelas e imperfeições..."
Dia 03/10/2007
"Façam Preces, façam Preces. O campo magnético daqui do outro lado da crosta é pesado, denso e aprisionador. Estamos próximos lutando duramente para equilibrar a vida do lado de cá, mas a ignorância espiritual impera e nossos irmãos estão eternamente alienados e dormindo para a realidade já pregada e exemplificada. O mundo como um todo do lado de cá da crosta, como também daí precisa de Preces Sinceras, Preces Honestas, Preces Amigas. Obrigado a vocês por esses momentos".


3) Ideias Fragmentadas
Alguns médiuns produzem textos, que apesar de extensos, possuem ideias soltas que não se articulam, tendo cada frase conteúdo independente. Algumas vezes, durante a psicografia, escrevem as frases separadas, não montando um parágrafo. Abaixo apresentamos um exemplo do médium 7, no qual esta característica estava presente no seu hábito mental, perceptivo durante uma conversa informal. Observa-se que cada frase assemelha-se a uma anotação de tópicos, que poderiam ser utilizadas como ponto de partida para um futuro texto mais explicativo:

"Que a sabedoria do Pai chegue a nós através dos ensinamentos do Cristo para preservar a Doutrina Espírita. As nossas experiências em vida trouxeram a alegria de podermos estar ajudando ao próximo. As vicissitudes da vida nos levam à descrença e nos atola. A Fé está em construção no Mundo pelos preceitos Espíritas o que engrandece a cada dia mais o que o Cristo ensinou. A manutenção dos preceitos de Deus está em relação à boa vontade dos homens na divulgação de suas experiências mediúnicas. A prece é a luz Divina na comunicação com o Alto e a perene comunicação com todos os Irmãos que necessitam de amor e carinho no andamento da sua evolução."

4) Preferências Literárias do Médium
Apresentamos os textos do médium 6 nos quais houve uso sistemático da segunda pessoa e inversão da posição coloquial do advérbio, dando uma atmosfera de erudição clássica. No entanto, o uso da segunda pessoa não se manteve em todo o texto, misturando-se com a terceira pessoa. Estas características estavam presentes em 10 das 15 mensagens de orientação produzidas pelo médium. Para responder a pergunta se esta preferência é do próprio médium ou de um Espírito familiar, seria necessário realizar-se uma entrevista com o próprio médium, o que não foi feito.

Outubro de 2006 "A importância do orar e vigiar é muito grande nos vossos meios. Atentai meus irmãos com os vossos deveres e compromissos. Vossas lutas e vossas preces, saída do âmago de vossos corações, serão ecoadas no infinito."
Fevereiro de 2007
"Acenda a sua luz interior e essas luzes iluminarão a todos os jardins e retirarão o mato de vossas imperfeições, inspirando e contagiando a vossos irmãos a ingressarem na seara do bem."
Março de 2007
"Guardai-vos da rebeldia, guardai-vos dos queixumes, isto só alimenta vossas dores."
Julho / Agosto de 2007
"A coragem e a fé, eis as armas que deves munir vossos corações para trilharem o dia-a-dia e chegarem ao êxito... Busque a consciência tranqüila, e tomem o seu arado, não sigam temerosos. O senhor é convosco."

5) Começo de Contato
Alguns textos apresentaram a seguinte dinâmica: o gatilho que inicia a mensagem apresenta-se como uma descrição das emoções percebidas pelo próprio médium, e apenas em seguida surgem conteúdos que indicam uma nova personalidade (médium 8). Este exemplo também demostra uma psicografia com características de uma psicofônia, porém o médium preferiu escrever a falar.

"É um claustro, um lugar muito fechado, escuro, estou trancada!
Preciso sair, respirar ar puro, ver aquele verde lá de fora, com ventos frescos, frios até!... (até aqui podemos estar perante uma percepção do médium da atmosfera psiquica que se desenvolverá na mensagem)
Aquelas pessoas chegando à minha casa. Embora nem todas fossem tão bem vindas, eu me esforçava, agora quero sair, preciso buscar luz, compreensão dos meus atos. Saber o que aconteceu que ninguém mais vem até mim, tudo é gelado.(Iniciar-se o conteúdo indicando uma mémoria vivencial diferente do médium) Será que eu sou culpada? Por que eles não me procuram mais? Será que descobriram que eu não gostava tanto deles assim?!" (aqui, o diálogo indica o desejo de conversar e não de monólogo, porém o médium optou por escrever apenas, não desejando falar durante a reunião)

Outra forma de começo de contato é a presença de frases que sintetizam a ideia da mensagem logo no início do texto e que remetem-nos a textos já conhecidos. Como exemplos temos, apresentamos textos dos médiuns 6 e 9, cujo gatilho do pensamento são frases bíblicas.

MÉDIUM 6
Agosto de 2007
“Sede perfeitos, como perfeito é o vosso Pai” Imitar os passos do mestre, este sim deve ser o nosso objetivo maior...
Junho - Agosto 2007
“Bem aventurados os mansos e pacíficos, porque herdarão o reino dos céus”. “Bem aventurados os aflitos por que serão consolados”. Dentre as tribos que ainda mais guerreiam na atualidade, estão nossos irmãos que renasceram no berço, das terras onde o Mestre nasceu...


MÉDIUM 9
Mensagem A
Não matarás. Não mencione o nome de Deus em vão. Não blasfemei, não querer a mulher do próximo. Fazei ao outro o que queria que fosse feito a você.
Eu, meus irmãos, fiz tudo errado. Nada do que aprendi nos bancos da escola...
Mensagem B
Glória a Deus nas alturas e Paz na Terra aos homens de Boa Vontade! (a mensagem se restrigiu a estas citações)
Mensagem C
Jesus, fazei de mim instrumento da vossa PAZ. Essas palavras que tão bem transmitem a “vontade” ... (perdi a comunicação)

5) Mudança de Caligrafia
A mudança de caligrafia, muitas vezes, é associada a ideia de mundança da personalidade comunicante, mas no exemplo abaixo, interpretamos como mudança de estado emocional. Esta mudança emocional pode signifcar aprofundamento do estado de transe ou recurso para expressar a intensidade da emoção.
Reproduzimos 5 momentos diferentes. Na primeira imagem temos a caligrafia habitual, em virgília do médium 9. Em seguida, apresentamos uma imagem de cada parte do texto que reproduzimos completo após as imagens. A segunda imagem é fragmento da primeira parte, e assim em diante, até a quinta imagem que representa a última parte da mensagem.











































O texto completo, dividido em aumento progressivo de emoção ou de transe, segundo interpretação do pesquisador:
1) "Calma, paciência, perseverança. Deus estende o tapete de trajetória a todos os amigos presentes com a persistência na luz e no caminho correto a trilhar".(+)
2) "Luzes irradiam dos planos superiores nesta mágica noite de alegria. Trabalho, trabalho, caridade, estudo, glorificação e adoração no melhor entendimento de (?) as escritas pelo Cristo, que são as leis que regem a humanidade, ou seja, o Universo criado pelo Pai maravilhosamente magnífico. Grandes são as dificuldades do caminho a percorrer, mas a grandeza luminosa dessa noite de festa vai resplandecer nesta casa e no coração de todos vocês, fazendo vibrar em uníssono as cordas de bondade e caridade de cada participante".(++)

3) "A luz maravilhosa do Senhor Jesus Amado e Divino Mestre resplandece no lar-coração de cada irmão aqui presente na luta do estudo constante e perpétuo. Não tenho grandes condições de doar em conhecimento, mas quero deixar aqui a vocês o meu imenso carinho a todos. Uma irmã em Cristo. Que Deus abençoe esse estudo".(+++)
4) "Aleluia! Aleluia! Glória, glória, glória! Aleluia!" (++++)


6) Análise dos Conteúdos
Os textos apresentam alguns conteúdos em comum:
a) Sobre a Passagem: estado de confusão, revolta com o desencarne seguido de arrependimento,o âmparo de Espíritos benévolos, manutenção da idade do momento da morte (crianças, adolescentes, etc), saudade da vida reencarnada / prende-se aos familiares, descrição da perda de consciência no desencarne.
b) Sobre a Vida na Erraticidade: aprendizados novos (medicina, estudo do "Kardecismo"), trabalhos (acolher outros jovens).
c) Sobre a Mediunidade: Espiritos aprendem durante o estudo, Espíritos usufreum do ambinete fluídico, Espíritos têm prazer material no contato mediúnico.

CONCLUSÃO
A metodologia precisa ser aprimorada, mas este trabalho sugere que o trabalho do professor-pesquisador é viável, e as atividades nos Centros Espíritas podem tornar-se campo de pesquisa. Alguns parâmetros anímicos parecerem evidentes como a primeira escrita e o uso de expressões repetidas. O estilo literário precisar de melhor investigação. Os conteúdos que surgem no“começo de contato psíquico“ podem tratar-se de uma manifestação conjunta de conteúdos externos associado ao recurso sintético do médium. A interação anímico-mediúnico pode produzir características inesperadas como a mudança de caligrafia, a qual não identifica o Espirito comunicante, mas a emoção vivenciada pelo médium.
A análise do conteúdo trouxe a observação de uma coerência entre os textos, apesar de pertencerem a médiuns diferentes, de grupos mediúnicos que não trocavam informações, com padrão de estudos e ambientes espíritas não homogêneos. Não é possível rejeitar as explicações psicológicas do inconsciente, no entanto, levanta dados que indicam a presença simultânea de características comuns aos textos em vigília e a presença de intervenções não habituais para o estado comum de vigília, que podem indicar a presença do pensamento do Espírito comunicante.

terça-feira, 16 de março de 2010

Pesquisas de Campo

As pesquisas de campo do projeto Conhecendo os grupos mediúnicos estão divididas em três partes:

  1. Parte "casas": para os responsáveis das casas espíritas
  2. Parte "grupos": para os responsáveis dos grupos mediúnicos
  3. Parte "participantes": para os participantes dos grupos mediúnicos

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Avaliação da Pesquisa Piloto

A pesquisa piloto do projeto Conhecendo os Grupos Mediúnicos ainda está aberta a participação das pessoas responsáveis por algum grupo mediúnico. Nas três últimas semanas algumas pessoas foram convidadas a participar e apenas sete tiveram uma participação efetiva respondendo ao questionário da pesquisa. Ainda que seja um número pequeno de respostas parece suficiente para balisar a elaboração da pesquisa de campo a ser efetuada na cidade de São Carlos.

É interessante levantar algumas hipóteses para este baixo número de respostas para evitar que isto aconteça também na pesquisa de campo. Mas, antes de passar a elas, apresentaremos alguns dados sobre os convites para a participação na pesquisa piloto:

  1. Todos os convites foram feitos por email. Alguns deles, uns 15, feitos diretamente às pessoas e outros 2 feitos a listas de debates espíritas (que possuem centenas de pessoas).
  2. Das 7 participações na pesquisa, 4 delas tiveram sua origem em um convite direto e os outros 3, a partir do convite feito em lista de debate.
  3. Duas pessoas reportaram dificuldade com o instrumento da pesquisa (formulário eletrônico). Uma delas disse que não sabia se as respostas foram enviadas e a outra disse que não estava familiarizada com a tecnologia. No primeiro caso realmente houve um problema porque o botão "Enviar" no final do questionário só aparece se o usuário usar a barra lateral vertical do formulário e esta barra pode ficar "escondida" em telas com baixa resolução.
  4. Umas 3 pessoas manifestaram o desejo de participar, mas por algum motivo ainda não participaram. Mas, também não houve cobrança alguma. Por outro lado, uma das participações foi concretizada a partir do envio de um segundo email.

A partir destes dados podemos levantar a hipótese de que a forma de abordar as pessoas não foi a mais eficiente para uma maior participação na pesquisa. Também tivemos a percepção de que quanto mais direto for o convite maiores são as chances de uma participação efetiva. Ou seja, o convite deveria ser o mais individual possível e há a necessidade de acompanhamento, reconvidando ou perguntando se há alguma dificuldade para responder.

Aliás, esta dificuldade com o instrumento de coleta dos dados pode ter sido a principal causa para uma baixa participação. O problema com o botão "Enviar" partiu de alguém já experiente com a tecnologia. Outras pessoas podem ter tido dificuldades semelhantes, mas preferiram não enfrentá-las... de qualquer forma, isto é normal e compreensível.

Vamos agora a análise de alguns dados obtidos a partir das respostas dos 7 participantes. Uma das perguntas era "quanto tempo gastou para responder a pesquisa". As respostas variaram de 5 a 30 minutos sendo que a média foi de 20. É um tempo relativamente razoável considerando o estilo de vida "corrido" das pessoas atualmente.

A maioria dos participantes não manifestou dificuldade em responder as perguntas. Dos três que manifestaram dois deles ficaram em dúvida em relação ao "status ocupacional". Realmente, a pergunta não foi feliz pois é pouco específica e explicativa. Portanto, para a pesquisa de campo deve-se deixar as perguntas totalmente explicativas sem margem a dúvida.

Uma pessoa avaliou que algumas perguntas não se aplicavam para os grupos mediúnicos e uma delas seria a do número de mensagens transmitidas por cada espírito. Aparentemente, houve uma falha na apresentação dos objetivos e da finalidade do projeto. Talvez seja interessante oferecer um mínimo de explicação sobre o projeto antes de submeter o questionário ao participante. Como o questionário pode chegar até os participantes de diferentes formas então seria mais adequado que esta explicação fosse dada como parte do próprio questionário.

Entre as sugestões de perguntas que faltaram destacam-se dois tipos: subjetivas e objetivas. Entre as objetivas muitas delas serão incorporadas a pesquisa de campo como a quantidade de integrantes do grupo e a frequência média por reunião. Há outras que precisam de uma justificativa pra serem incorporadas como a que pergunta se o participante tem um blog. Ou seja, é preciso ter critério na formulação das perguntas para não comprometer a taxa de participação devido a um grande número de perguntas.

Do outro tipo, subjetivas, encontramos: como você conheceu o Espiritismo? qual o nível de estudo das obras pelo grupo? É até interessante avaliar as respostas a este tipo de perguntas pois revelam bem mais que simples questões objetivas. Porém, elas normalmente representam uma dificuldade para quem responde e isto poderia comprometer a taxa de participação. Por exemplo, a pergunta mais subjetiva desta pesquisa piloto é a relacionada a "ciência espírita". Todos os participantes responderam a esta pergunta e gastaram aproximadamente um parágrafo de 7 linhas. Talvez isto seja muito!

Por sua vez, a pergunta sobre o interesse em participar de uma rede de pesquisas espíritas foi respondida afirmativamente por todos sem necessidade de maiores explicações. Houve apenas uma exceção: o participante atrelou a sua participação a uma idéia clara da finalidade das pesquisas.

Portanto, a estratégia que pensamos em adotar é deixar o conjunto de perguntas do tipo subjetivas para uma futura segunda etapa com aqueles grupos que demonstrem um nível de interesse maior na participação do projeto.

Do restante das perguntas do questionário podemos levantar alguns dados que podem balisar a escolha das alternativas de um questionário mais objetivo. Por exemplo, na pergunta sobre o ano de fundação da casa espírita apenas dois participantes não souberam dizer exatamente o ano. E considerando que a pergunta na pesquisa de campo será direcionada a um responsável pela sua casa espírita então é provável que não terão dificuldades em responder com o ano exato. Por sua vez, a pergunta sobre a quantidade de títulos de sua biblioteca apenas um participante ofereceu o número exato; a maioria respondeu em termos aproximados. Então, neste caso, é conveniente estipular intervalos para serem selecionados (0 a 100, 100 a 200, ...).

Entre os tipos de reunião foram citadas: assistência, estudo, treinamento, desenvolvimento, cura, desobsessão. Para o número de mensagens por reunião foram citados valores de 0 a 16. Para a duração das reuniões responderam entre 50 minutos e 2 horas. Quanto ao ambiente responderam usando diferentes percepções de iluminação e ruído. Para este tipo de pergunta as alternativas deveriam refletir este níveis usando advérbios de intensidade como "muito" e "pouco".

Quanto ao registro das mensagens algumas respostas não foram nem totalmente positivas e nem totalmente negativas. Em alguns casos apenas algumas mensagens são armazenadas dependendo de diferentes critérios. Talvez seja suficiente perguntar se pelo menos algumas são armazenadas.

Em relação a identificação do grupo os participantes demonstraram ser mais específicos no dia e horário das reuniões do que com o nome do grupo. Na pergunta sobre a duração das reuniões dois participantes separaram-na em duas etapas: estudos e comunicação. Talvez seja interessante fazer esta divisão para ser possível calcular o tempo de obtenção de cada mensagem.

Ainda existem outras observações a se fazer, mas de alguma forma elas estarão refletidas nos questionários da pesquisa de campo que começarão a ser produzidos.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Pesquisa Piloto

Conhecendo os Grupos Mediúnicos

Conhecendo os Grupos Mediúnicos

Apresentação e Justificativa
O projeto Conhecendo os Grupos Mediúnicos é baseado na idéia de que o primeiro passo para fazer pesquisa espírita consiste na obtenção de uma informação qualificada que seja capaz de identificar os grupos mediúnicos de uma comunidade. Ou seja, antes de qualquer tentativa de propor pesquisas para alavancar o conhecimento espírita seria necessário o conhecimento do principal instrumento de pesquisa que são os grupos mediúnicos. Dessa forma, este projeto de pesquisa busca mapear o campo de trabalho para as pesquisas espíritas.

Finalidades
Este projeto possui finalidades básicas relacionadas a informação. Uma delas é a de criar uma rede de contatos para facilitar futuras pesquisas ou para divulgar eventos relacionados à pesquisa espírita. Pretende-se assim estimular os grupos mediúnicos a participarem de novos projetos de pesquisas.

Regionalmente, o projeto também tem a finalidade de disponibilizar um conjunto de informações sobre grupos mediúnicos à comunidade espírita pesquisada. E a partir desta disponibilização espera-se ainda incentivar o intercâmbio entre os grupos mediúnicos pesquisados.

No futuro, espera-se que este projeto sirva de base para uma pesquisa mais abrangente envolvendo um universo maior de grupos mediúnicos.

Objetivos
O principal objetivo deste projeto é o de identificar o perfil dos grupos mediúnicos das casas espíritas da comunidade pesquisada. Esta identificação passa pela classificação sob alguns aspectos como número de participantes, número de médiuns, número de dialogadores, data de formação, número de sessões por semana, duração das sessões, tipo de ambiente, e outros.

Espera-se também deste projeto identificar o perfil dos espíritos que se comunicam. Para isto, observações objetivas serão levantadas como: data da última desencarnação, identificado ou anônimo, sexo aparente, estado geral, motivação para se comunicar, número de mensagens por cada espírito. Ainda há a intenção de classificá-los de acordo com a escala espírita proposta por Kardec.

E, para completar, pretende-se identificar o perfil das comunicações. Serão levantadas informações como: número de comunicações por sessão, duração de cada comunicação, conteúdo, tipo de mediunidade, presença de efeitos físicos, meios para registro e armazenamento, linguagem.

População e Amostra
Neste projeto de pesquisa serão considerados todos os grupos mediúnicos da cidade de São Carlos no estado de São Paulo. A abordagem para o contato com estes grupos mediúnicos é, a princípio, através de convites por telefone, email, ou pessoalmente.

Instrumentos de Pesquisa
Como ferramenta ou instrumento de pesquisa será utilizado apenas questionários direcionados aos responsáveis pelos grupos mediúnicos, aos seus participantes, e aos responsáveis pelo casa espírita da qual o grupo faça parte.

Questionários
Sobre os participantes
  1. Qual é o seu nome?
  2. Qual é a sua idade?
  3. Qual é a sua escolaridade?
  4. Quando aderiu ao grupo?
  5. Qual é a sua função?
  6. Se médium, qual seria o tipo de sua mediunidade?
  7. Se médium, quantas mensagens recebe por reunião?
  8. Qual é o seu estado civil?
  9. Qual é o seu sexo?
  10. Qual é o seu status ocupacional?
  11. Há quantos anos é espírita?

Sobre o grupo
  1. Qual é o nome do grupo?
  2. A qual casa espírita está associado?
  3. Quando se deu a sua formação?
  4. Houve interrupções desde a sua formação? Quantas?
  5. Qual é o tipo de reunião?
  6. Quantas mensagens são recebidas por reunião (indicar o tipo de mediunidade)?
  7. Em que dias e horários são realizadas as reuniões?
  8. Qual é a duração aproximada de cada reunião?
  9. Como é o ambiente da reunião?
  10. As mensagens são registradas e armazenadas?

Sobre a casa espírita
  1. Qual é o nome da casa?
  2. Qual é o ano de sua fundação?
  3. Está filiada a alguma federativa? Quais?
  4. Possui biblioteca?
  5. Se sim, quantos títulos possui no total?

Sobre os espíritos
  1. Há espíritos que acompanham assiduamente as reuniões? Quantos?
  2. Se há, quais as razões para este acompanhamento?
  3. Qual é o estado geral dos espíritos comunicantes?
  4. Eles se identificam?
  5. Por que se comunicam?
  6. Em geral quando desencarnaram?
  7. Demonstram ter um determinado sexo?
  8. Em média quantas mensagens são transmitidas por cada espírito?
  9. Em que classificação da escala espírita os espíritos se encaixam?
  10. Alguma vez eles se expressaram em outro idioma? Ou em um estilo literário diferente?
  11. Alguma vez deixaram impressões físicas como cheiros, sons, ou mesmo materializações?

Sobre a ciência espírita
  1. O que você pensa a respeito da ciência? E da ciência espírita em particular?
  2. Tem interesse em participar de uma rede de pesquisa?
  3. Se tem interesse qual seria a principal motivação?
  4. Deseja compartilhar as informações respondidas neste questionário com outros grupos?

Observações
Para cada entrevista com um responsável por grupo mediúnico deve-se anotar a data e hora, o local de realização, e as condições nas quais a entrevista foi realizada. Ainda devem ser anotados os fatos relevantes para a pesquisa como declarações do entrevistado, recusa à resposta, ou questionamentos que surgirem acerca da pesquisa.

Metodologia de Pesquisa
O questionário será aplicado, a princípio, pessoalmente pelo mesmo entrevistador. Os dados serão trabalhados seguindo os preceitos da estatística descritiva. Os grupos serão categorizados pelo tempo de formação e pelo tempo de adesão dos seus participantes. Os responsáveis pelos grupos serão categorizados por sexo, idade, escolaridade. A partir destas categorias serão construídas tabelas que as correlacinem com outras características da produção mediúnica como o número de mensagens por reunião, tipo de reunião, meio de armazenamento das mensagens ... Por exemplo, serão criadas tabelas Tempo do grupo x produtividade, ou Quantidade de médiuns x produtividade.

Também serão correlacionadas as categorias de responsáveis com as respostas sobre a ciência espírita como, por exemplo, o interesse pela pesquisa espírita.

Pesquisa Piloto
Será realizado uma pesquisa piloto para coleta de dados a partir de grupos mediúnicos de Ribeirão Preto (cidade próxima a São Carlos).